Conheça três habitats que nutrem os oceanos
O Dia Mundial dos Oceanos, 8 de junho, celebrou os mares e seus recursos abundantes que ajudam a sustentar a Terra. Alguns recursos e ecossistemas, como as gramas marinhas, os manguezais e os recifes de coral, são poderosas soluções baseadas na natureza que podem nos ajudar a enfrentar as mudanças climáticas e a promover o desenvolvimento sustentável. Leia reportagem do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Preservação dos manguezais ajuda a enfrentar as mudanças climáticas. Foto: PNUMA
O Dia Mundial dos Oceanos, 8 de junho, celebrou os mares e seus recursos abundantes que ajudam a sustentar a Terra. Alguns recursos e ecossistemas, como as gramas marinhas, os manguezais e os recifes de coral, são poderosas soluções baseadas na natureza que podem nos ajudar a enfrentar as mudanças climáticas e a promover o desenvolvimento sustentável.
As gramas marinhas, por exemplo, são encontradas em águas rasas em cerca de 159 países de todos os continentes, excluindo a Antártica. Elas purificam a água do mar, servem de viveiro para diversos peixes e apoiam a biodiversidade.
Segundo o relatório “Out of the Blue: O Valor das Gramas Marinhas para o Meio Ambiente e as Pessoas”, lançado em 8 de junho pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o sedimento desses habitats é uma das reservas de carbono mais eficientes do planeta.
O relatório descreve as gramas marinhas como “pulmões” e “engenheiros ecossistêmicos” marinhos, e defende o valor desses habitats, fornecendo recomendações sobre como protegê-los e gerenciá-los.
Um hectare de grama marinha pode abrigar até 40 mil peixes e 50 milhões de pequenos invertebrados, como caranguejos, ostras e mexilhões. Além disso, as gramas marinhas também apoiam cerca de 20% das principais áreas pesqueiras do mundo e nutrem quase 3 bilhões de pessoas.
“É hora de melhorar o perfil desses ecossistemas subestimados e destacar as diversas formas com que as gramas marinhas podem ajudar a resolver nossos maiores desafios ambientais”, disse o Representante Permanente das Nações Unidas e Embaixador das Mudanças Climáticas da República das Seychelles, Ronald Jumeau.
O desenvolvimento costeiro, o crescimento populacional, o aumento da poluição e as mudanças climáticas estão ameaçando as gramas marinhas, como podemos observar no Golfo do México, no Mar do Caribe e no Norte do Brasil.
Contudo, segundo o relatório O Estado dos Habitats Marinhos Costeiros no Caribe (The State of Nearshore Marine Habitats in the Wider Caribbean, em inglês), esses fatores não afetam apenas os prados de gramas marinhas, mas também os recifes de coral e os manguezais, característicos dos ecossistemas costeiros da região.
Soluções climáticas baseadas na natureza
Esses habitats trabalham juntos para capturar e armazenar carbono. As gramas marinhas ajudam os manguezais, protegendo-os das ondas, enquanto os manguezais protegem os leitos de gramas marinhas do excesso de nutrientes e sedimentos.
“O complexo de recifes de coral, mangues e gramas marinhas foi descrito como um dos sistemas mais biodiversos e produtivos do mundo, com fortes interligações entre si”, disse a Oficial de Programas da Secretaria da Convenção de Cartagena, Ileana Lopez-Galvez. Juntos, eles beneficiam muitas comunidades e países costeiros adjacentes.
A região do Caribe, por exemplo, se estende desde os Estados Unidos até as Guianas. Um estudo do Banco Mundial de 2016 avaliou o valor econômico do Mar do Caribe para a região em 407 bilhões de dólares ao ano, dos quais 54,55 bilhões de dólares podem ser diretamente vinculados aos ecossistemas costeiros e marinhos, pois os mares apoiam atividades econômicas como pesca, transporte, comércio, turismo, mineração, descarte de lixos, geração de energia, captura de carbono e desenvolvimento de medicamentos.
Em muitos países que compõem a região, a maioria da população, infraestrutura e atividades econômicas se concentram na zona costeira.
“Isso pressiona bastante os ecossistemas costeiros, pois os danos causados pelas atividades humanas comprometem a capacidade dos sistemas naturais de resistir ao estresse causados por doenças, espécies exóticas invasoras, eventos climáticos intensos, mudanças climáticas, etc.”, como indica o relatório O Estado dos Habitats Marinhos Costeiros no Caribe.
Iniciativas de restauração
A proteção dos ecossistemas marinhos no Caribe é vital para salvaguardar o futuro dos países e territórios da região.
Uma ferramenta que pode ajudar na luta pela conservação desses ambientes é a Plano de Ação e Estratégia Regional (RSAP) para Avaliação, Proteção e/ou Restauração de Habitats Marinhos Importantes no Caribe 2021-2030 (Regional Strategy and Action Plan (RSAP) for the Valuation, Protection and/or Restoration of Key Marine Habitats in the Wider Caribbean 2021-2030, em inglês), que visa fortalecer a ação nacional coletiva dos Estados-membros para gerenciar os ecossistemas costeiros, particularmente os recifes de coral, os manguezais e as gramas marinhas, a fim de preservá-los e garantir o fluxo de bens e serviços.
Também existem esforços em andamento para proteger esses ecossistemas fora do Caribe. O PNUMA e seus parceiros lançaram recentemente um manual com orientações para projetos comunitários de conservação de gramas marinhas.
A Ocean Foundation está desenvolvendo um portfólio com novos projetos focados em resiliência climática que preencham as principais lacunas entre ciência, política e atividades de intervenção. Outra menção notável é o Projeto Florestas Azuis do GEF, uma iniciativa global focada em aproveitar os valores do carbono costeiro e dos serviços ecossistêmicos para promover uma melhor gestão do ecossistema.
As medidas de proteção desses habitats também conversam com o tema do Dia Mundial do Oceano 2020: Inovação para um Oceano Sustentável e destacam a Década para a Restauração de Ecossistemas da ONU (2021-2030), voltada para a restauração de ambientes degradados e destruídos para combater a crise climática e melhorar a segurança alimentar, o suprimento de água e a biodiversidade.