Educação

Graduações devem manter EAD no ensino superior presencial no “novo normal”

Medidas de distanciamento e contenção de danos serão ações cruciais até a imunização total da população

A pandemia do novo coronavírus, decretada em março, segue afetando o modo como as tarefas eram desempenhadas no Brasil e, possivelmente, no mundo inteiro. Quando o isolamento começou, há cerca de quatro meses, as aulas migraram do presencial para o virtual em uma ação emergencial. Ao que tudo indica, entretanto, é que em um futuro próximo as aulas seguirão com uma carga mista entre a sala de aula e o ensino a distância (EAD). A análise foi feita pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do país, na 10ª Edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil.

O levantamento foi realizado com base nos dados do Censo da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Os resultados no Censo de 2018 – o mais atual até o momento – mostram que 8,45 milhões de matrículas foram feitas no ano. Enquanto isso, a preferência pela modalidade à distância cresceu 16,9% de 2017 para 2018. No período de 2009 a 2018, o aumento foi de 145%.

Esse foi o primeiro momento em que o número de vagas de ensino a distância superou, pela primeira vez, o oferecido de forma presencial. Deste modo, com a análise entre o crescimento do EAD e a situação atual que o país vive, é possível que, quando as aulas forem autorizadas a retornar de forma presencial, os cursos ainda mantenham uma mescla entre o presencial e o online. 

“O ensino presencial vinha perdendo espaço pelo preço e pela questão da flexibilidade. O aluno vai, fica sentado, muitas vezes à noite, quando ele está cansado. Por causa da pandemia, o ensino presencial está se reinventando, o que o torna mais atrativo. Quando essa situação acabar, ele deve ser um misto de aulas expositivas de forma remota com aulas em grupo em laboratórios. Vai ser interessante, porque os alunos vão ter mais interatividade com os professores e, quando tiver o encontro presencial, vai ser mais rico”, afirma Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.

Para ele, esse movimento de migrar parcialmente para o EAD, com aulas gravadas e materiais disponibilizados aos alunos, fará com que os modelos de ensino se reinventem cada vez mais. O custo dos cursos presenciais – tradicionalmente mais caros do que os oferecidos à distância – é um dos pontos de análise que as instituições de ensino precisarão fazer até a demanda de alunos retornar.

“Será necessário conseguir tornar o preço mais atrativo. O grande custo é a folha de pagamento, que não vai ser reduzida. Em curto prazo, há um desafio grande, que é o que vai custar caro para as instituições, que é o retorno gradual e com menos alunos. Quanto vai custar abrir a estrutura para receber 20% dos alunos? Será que vai ter de oferecer EPIs e luvas? Dividir turmas de 100 alunos em cinco de 20?”, questiona ele.

Com maiores desafios para instituições e alunos, a diminuição do número de universitários do país é esperada. A taxa de jovens entre 18 e 24 anos matriculados no ensino superior é de 17,9% em relação ao restante das pessoas da mesma faixa etária, de acordo com a 10ª Edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil. O resultado é considerado baixo e distante da meta: 33% até 2024.

Modelos de graduação

Com a popularização do termo EAD, que torna o ensino totalmente online, com uma plataforma exclusiva para que os alunos acessem os conteúdos onde e quando quiserem, durante a pandemia, muitos estudantes também têm se perguntado o que é semipresencial. Esse é, justamente, o formato em que as aulas possivelmente retornarão, já que mescla a interatividade do EAD com as aulas tradicionais do modelo presencial. 

Em certas instituições, em que o professor tem feito videochamadas todos os dias nos horários das aulas, o modelo semipresencial também pode ser considerado, já que a modalidade totalmente à distância garante que o estudante veja o conteúdo quando quiser e puder. 

Foto:Divulgação

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