Como implementar pautas antirracistas nas escolas
Após quase 20 anos da lei 10.639, escolas ainda possuem desafios em discutir pautas raciais nos modelos de ensino
A lei 10.639, que prevê o ensino da história cultural africana nas escolas, completou 18 anos em 2021, e muitas instituições de ensino ainda possuem um desafio de como implementar esse estudo em seu plano. Apesar de pautas antirracistas estarem sendo muito discutidas nos dias de hoje, seguir um cronograma e incentivar os professores a abordar tais questões ainda gera algumas dificuldades.
Diversos fatores influenciam nessa questão, sendo que alguns estão enraizados na sociedade. A ideologia eurocêntrica, que vigora desde os tempos da colonização aos dias de hoje, afirmou a superioridade branca sobre os negros, indígenas e asiáticos, reduzindo a história e a cultura destes povos a meros apêndices do “processo civilizador europeu”.
Com isso, incentivar o estudo sobre a cultura de matriz africana acaba ficando em segundo plano, pois a sociedade de um modo geral está inserida nessa realidade. Os espaços de cultivo do saber são espaços de poder, e a prioridade dada nas instituições trata da cultura europeia e euro-brasileira, o que inclui autores europeus e fontes escolhidas na produção do conhecimento dentro das escolas.
A luta por leis que versem sobre o negro e o indígena na educação não é apenas uma inclusão, mas também pela revisão da história afro-brasileira e indígena do ponto de vista deles próprios. As professoras Carolina e Fernanda Chagas Schneider realizaram uma publicação digital chamada “Escola para Todos: promovendo uma educação antirracista”, da Fundação Telefônica Vivo, onde foram elaborados temas e compromissos que os professores podem utilizar nos planos de aula, que irão ajudar a reparar a história nas escolas.
O lançamento da publicação ocorreu no dia 20/09 e contou com a presença da escritora e poeta Conceição Evaristo, onde foram cobrados dos órgãos públicos compromissos na implementação de políticas públicas raciais, além de comentar a importância da iniciativa, que inclui a preparação de professores brancos no combate ao racismo nas escolas. As dicas das professoras foram as seguintes.
Literatura
Uma das sugestões defendidas na publicação, as professoras acreditam na literatura como uma forma de dar importância maior a heróis negros. Elas sugeriram utilizar em aula livros que apresentem o protagonismo negro, pois assim é possível promover a reflexão acerca da falta de pessoas pretas em lugares de destaque.
Representatividade
A representatividade também foi uma das pautas defendidas, pois elas defenderam que essa abordagem dá margens a discussões sobre privilégios que as pessoas brancas tiveram em toda a história. Trabalhar nos planos de aula, apresentando pessoas negras de maneira positiva, nas áreas de política, literatura, artes ou em outros campos.
Identidade
Incentivar a discussão sobre a identidade racial no país é uma das coisas importantes nesse cenário. Como tudo no Brasil, criar essa identidade é uma construção, e incentivar essa pauta estimula os alunos a entender as reais questões da sociedade e estabelecer uma opinião e empatia com todas as diferenças.
Considerando estes fatores, é relevante que as escolas abordem pautas tanto nas apostilas do ensino fundamental quanto em eventos culturais no colégio, por exemplo, para que os alunos aprendam de fato, se sintam representados e tenham identificação com o tema.
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