Meio Ambiente

Você sabia que existe tecido feito de PET reciclado?

Alternativa é vista como maneira de tornar a fabricação têxtil mais sustentável e menos poluente.

A busca por maneiras mais sustentáveis de produção está cada vez mais em alta e é algo já bastante buscado pelos consumidores. Por isso, iniciativas que promovam um maior reaproveitamento de insumos, menor descarte ou que poluam menos são vistas com bons olhos.

Uma dessas iniciativas é o tecido de PET reciclado. Sim, o mesmo plástico das garrafas de refrigerante. A partir desse tipo de tecido, é possível produzir inúmeros itens, principalmente aqueles que atendem consumidores mais envolvidos com as questões sociais. É possível fazer roupa, sapato e até bolsa vegana, por exemplo.

O que é tecido de PET reciclado?

O tecido de PET reciclado é feito a partir da reciclagem do material das garrafas de plástico, formando fibras de poliéster que, depois, serão utilizadas para a fabricação do tecido. Por isso, se você tem uma roupa de poliéster em seu armário, saiba que ele pode ser um tecido de PET reciclado.

Sim, as garrafas de plástico e suas roupas têm algo em comum: o material de que são feitas. Vale ressaltar que o PET é conhecido por sua difícil decomposição e grande impacto na natureza.

Hoje, cerca de metade das roupas produzidas em todo o mundo são de poliéster (considerando os reciclados ou não), segundo a Fashion United, organização mundial que discute moda sustentável. Com uma maior demanda por roupas do material, mas, ao mesmo tempo, uma preocupação com o impacto disso na natureza, surge, então, o tecido de PET reciclado.

Mesmo que ainda não seja tão comum, a Textile Exchange, organização sem fins lucrativos que também discute a indústria têxtil sustentável, indica que até 2030 cerca de 20% de todo o poliéster do mundo seja resultado de uma reciclagem de PET.

Como o tecido de PET reciclado é feito

É possível reciclar o PET a partir de dois processos: mecânico e químico. No primeiro, o plástico é higienizado e transformado em chips de poliéster (pequenos granulados de plástico) por processos mecânicos dentro da indústria. Depois, são transformados em fibras para a fabricação do tecido.

No processo químico, são utilizadas substâncias para que o PET retorne para monômeros originais, ou seja, ao formato inicial do plástico, sendo igual ao poliéster virgem. Depois, esse produto é utilizado para a fabricação das fibras de poliéster, que pode ser utilizado sozinho ou em conjunto com outros tecidos. O processo mais utilizado atualmente é o mecânico, por ser mais barato e não necessitar de produtos específicos, como funciona na reciclagem química.

O tecido reciclado de PET tem potencial de baratear a produção e ainda colaborar com a diminuição do descarte de garrafas, apesar de o processo ainda não ser difundido e demandar uma boa quantidade de materiais para reciclagem. Para se ter ideia, são necessárias 11 garrafas de refrigerante para produzir um quilo de tecido de poliéster.

Benefícios do tecido de PET reciclado

Reciclar, reaproveitar e diminuir o descarte de materiais na natureza são alguns dos principais pontos da produção de tecido de PET reciclado. Afinal, o processo leva em consideração a volta do material à sua linha de produção, diminuindo seus efeitos na natureza ao não ser descartado erroneamente.

Dessa forma, o tecido de PET reciclado apresenta benefícios tanto para a natureza como para a indústria:

  • menos extração de matéria-prima virgem na fabricação;
  • menos descarte de PET na natureza;
  • menos poluição no meio ambiente e melhor controle de seus efeitos;
  • melhor reaproveitamento e aumento da vida-útil do PET;
  • menor custo de produção para fibras de poliéster.

Outra observação é que a preocupação com o meio ambiente e o descarte de materiais também acontece por parte dos consumidores. Dessa maneira, empresas que prezam por esse cuidado e buscam alternativas também passam a ser valorizadas por esses clientes.

Desafios atuais

Apesar dos benefícios, a reciclagem de PET ainda apresenta alguns desafios a serem vencidos. Por exemplo: a reciclagem mecânica, mais comum, tende a fragilizar mais as fibras de poliéster no final do processo. Com isso, em alguns casos, é preciso misturá-la com poliéster virgem, o que promove a extração e fabricação de mais plástico.

Outro ponto é que muitas vezes o processo de reciclagem não deixa o tecido na cor neutra para que seja tingido, fazendo com que a fábrica utilize produtos químicos (também abrasivos para a natureza) para chegar à tonalidade ideal pedida pela indústria têxtil.

Fora isso, o próprio uso do poliéster é visto, muitas vezes, como prejudicial, pois dependendo de sua qualidade, pode soltar micropartículas de plástico nas lavagens, o que também tem potencial poluidor ao meio ambiente. Apesar de ainda existirem barreiras a serem vencidas, o tecido de PET reciclado é visto como uma boa alternativa dentro da busca por uma indústria mais sustentável.

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