Máscara que brilha em contato com coronavírus está sendo desenvolvido por cientistas
Artefato pode ser usado como teste rápido no futuro
Como é de conhecimento da grande maioria das pessoas, a atual crise relacionada à COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, é a maior pandemia dos últimos 100 anos. Pode parecer difícil acreditar que algo assim aconteceria exatamente numa era com tanto avanço da Ciência e Medicina, mas esta é uma realidade presente.
Em especial, no Brasil, um dos motivos que influenciou a rápida disseminação foi a falta de testagem efetiva. Além do número reduzido de testes, em comparação com a população, em alguns momentos, foi possível entender que nem sequer existiam dados de quantos exames haviam sido realizados. E se, em um futuro próximo, esse problema pudesse ser resolvido por meio de uma tecnologia têxtil?
As máscaras se tornaram um acessório importante nos tempos de pandemia. Elas são eficazes, principalmente, para pessoas infectadas não disseminarem o vírus. Contudo, o uso também ajuda que pessoas saudáveis evitem colocar a mão na boca, por exemplo.
Esse item, agora essencial, está na mira de cientistas que pesquisam, há alguns anos, uma tecnologia capaz de identificar a presença de vírus contagiosos em superfícies. Além do coronavírus, os agentes causadores do zika e do ebola também estão na mira desse estudo.
A ideia é que a mesma máscara usada para se proteger também pudesse identificar a presença do vírus nas secreções respiratórias do usuário. Isso poderia ser essencialmente importante, por exemplo, na identificação de pacientes assintomáticos — aqueles que portam o vírus, mas não apresentam nenhum sintoma.
Pesquisa já tem mais de meia década
Desde 2014, os pesquisadores da Universidade de Harvard e do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, têm se dedicado aos experimentos. A ideia é simples, mas exige bastante investigação. Basicamente, o que se tenta fazer é desenvolver um tecido que contenha material genético.
Assim, a principal ação dessa pesquisa é colocar DNA e RNA no tecido usado para confecção das máscaras. Isso porque o vírus se liga exatamente a essas cadeias de ácido genético.
Uma questão importante é a validade das máscaras. O material genético colocado é desidratado. Isso é possível por meio do liofilizador — uma máquina capaz de retirar a umidade do material genético sem matá-lo.
Após esse procedimento, as moléculas desidratadas, tanto de DNA, quanto de RNA, continuam viva por alguns meses. Isso confere uma validade considerável às máscaras-testes.
Objetivo é que produto fique pronto até dezembro
Mesmo que muitos testes ainda sejam necessários para que esse objeto possa chegar ao consumidor, os cientistas envolvidos na pesquisa têm como meta final o mês de dezembro. Em 2018, eles conseguiram comprovar que isso daria certo com vírus de outras doenças, tais como Sars, hepatite C e febre do Nilo ocidental.
Um dado importante é que o brilho da máscara que seria emitido por meio da ligação entre o vírus e o DNA desidratado não é visível a olho nu. Para que seja possível identificar essa luminância será necessário um aparelho chamado fluorímetro.
Isso garante, acima de tudo, a privacidade dos infectados. Ao mesmo tempo, assegura que outras pessoas não serão contaminadas. Um exemplo prático seria, por exemplo, uma checagem de máscaras antes de um embarque em um voo. O potencial paciente doente não seria exposto e não exporia nenhum risco aos outros passageiros do avião.
A ideia é que esse tipo de máscara seja regra, não exceção. Os cientistas já testaram a tecnologia em papel, plástico, quartzo e tecido. Mesmo que o objetivo seja que ele funcione no último exemplo, faz parte do método científico testar outras matérias-primas como forma de controlar a experimentação.
Isso também garante uma produção efetiva de dados sobre essa tecnologia que, quando aprimorada, também poderia ser utilizada em outras situações semelhantes.