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Demitidos montam acampamento em frente à Avibras

A luta pelo cancelamento das 420 demissões na Avibras ganhou um novo elemento nesta quarta-feira (30). Os trabalhadores demitidos montaram acampamento em frente à fábrica, em Jacareí, e estão dispostos a não sair de lá até o fim da luta.

Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região

Logo no início da manhã, por volta das 6h, 150 demitidos chegaram à fábrica. Organizados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, os trabalhadores dividiram-se em grupos de revezamento para permanecer no local durante todo o expediente, sempre das 6h às 17h, de segunda a sexta-feira.

A decisão sobre o acampamento foi tomada em assembleia, realizada ontem, na sede do Sindicato, com aprovação unânime. Toda a estrutura para garantir alimentação e segurança para os trabalhadores está sendo mantida pela entidade.

Rumo a Brasília

O próximo passo pelo cancelamento das demissões será a ida a Brasília, neste domingo (3), numa caravana organizada pelo Sindicato. Os trabalhadores realizarão protestos em frente ao Palácio do Planalto e ao Ministério da Defesa, com o propósito de pressionar o governo Bolsonaro e chamar a atenção do poder público para a necessidade de estatização da Avibras.

“Por se tratar de uma empresa estratégica e de interesse nacional, é inadmissível que a Avibras continue nas mãos de acionistas. Há seis décadas, a fábrica desenvolve produtos bélicos com tecnologia de ponta e mão de obra especializada, o que demonstra o grande potencial tecnológico do Brasil”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.

Recuperação judicial

A Avibras entrou com pedido de recuperação judicial, no fórum de Jacareí, no dia 18. Porém, segundo análise feita pelo Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos), não corre risco de falência.

De acordo com o estudo, a empresa teve patrimônio líquido de mais de R$ 2 bilhões em 2021, o que representa 69% de seu patrimônio total. No Brasil, quase metade das empresas em recuperação judicial tem patrimônio líquido negativo.

A própria Avibras admite que até 2023 haverá uma alta na comercialização de seus produtos, com possibilidade de contratações.

Audiência pública

A discussão sobre a situação dos trabalhadores demitidos também terá espaço na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Uma audiência pública virtual sobre o tema foi agendada para esta quarta, às 19h. O Sindicato levará para debate a necessidade de estatização da empresa e as condições dos 420 demitidos, que sequer receberam as verbas rescisórias..

Avibras

Foto:Roosevelt Cássio
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