Cultura

Os Geraldos levam Ubu Rei ao Sesc São José dos Campos em 21 e 22 de julho

Além de duas apresentações do espetáculo, que tem direção de Gabriel Villela, o grupo traz à cidade atividades de formação.

Ubu Rei, de Alfred Jarry, mais recente produção do grupo Os Geraldos, de Campinas (SP), em mais uma parceria do grupo com o premiado diretor mineiro Gabriel Villela, fará duas apresentações no Sesc São José dos Campos, nos dias 21 e 22 de julho de 2023, sexta e sábado, às 20 horas. Além do espetáculo, o grupo traz à cidade duas ações formativas gratuitas: Acompanhamento da montagem técnica, dia 20 de julho, às 10h30, com uma introdução a metodologias para gerir o processo logístico e técnico de circulação de espetáculos teatrais; e a Oficina “A Música e a Cena”, dia 22 de julho, às 14 horas, que trabalhará a voz falada e cantada como princípio de criação da cena.

O espetáculo encerrou recentemente uma temporada de dois meses no Teatro Anchieta (Sesc Consolação), um dos espaços culturais mais importantes de São Paulo, com ingressos esgotados em 21 sessões, e agora segue pelo interior paulista. Mais de 8.000 pessoas já assistiram à peça. Com tradução de Bárbara e Gregório Duvivier e adaptação do grupo e do diretor, a peça – um clássico do teatro ocidental, marco de ruptura e transgressão no século XIX – revela-se mais contemporânea do que nunca, ao fazer uma sátira do Brasil atual.

Este é o segundo encontro do diretor Gabriel Villela com o grupo Os Geraldos. A primeira parceria resultou no espetáculo Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico, de Claudia Barral, que tem circulado por importantes circuitos teatrais brasileiros.

O teatro popular é o território que liga o grupo ao diretor, que, com uma estética vinculada às raízes culturais do Brasil profundo, trabalha na criação de pontes de sentido entre os clássicos e o contexto do espectador. Ubu Rei faz uma sátira do poder obtido por usurpação e exercido com tirania, ao apresentar Pai e Mãe Ubu, um casal entregue à barbárie que invade a Polônia e, assassinando o rei, assume o seu trono.

Considerado por dadaístas e surrealistas como precursor desses movimentos, assim como do teatro do absurdo e da performance, Jarry oferece o material dramático de que Villela e o grupo Os Geraldos precisam para responder, com beleza e humor ácido e inteligente, a este momento histórico de caretice, autoritarismo e vulgaridade, que exige ruptura, por meio do pensamento e da arte, como o fez historicamente essa peça.

Responsável pela produção do projeto, o grupo campineiro Os Geraldos, que completa 15 anos em 2023, contou com nomes relevantes do cenário nacional das artes cênicas, como o diretor Gabriel Villela, o assistente de direção Ivan Andrade, os preparadores vocais Babaya Morais e Everton Gennari, dentre mais de 30 pessoas, que estão diretamente envolvidas na produção do espetáculo, com 14 atores no elenco.

Sobre o espetáculo, Villela ressalta a vinculação direta com a situação sócio-político-cultural brasileira. “Nós criamos um delírio tropical, em que fazemos uma sátira afiada do nosso país, respondendo, com violência poética, à selvageria e à estupidez destes tempos”, declara o diretor.

Atualidade no palco

Mesmo se tratando de um texto escrito no final do século XIX, o texto de Ubu Rei fala muito sobre os dias atuais. Para transpor a nova versão para a obra de Alfred Jarry (considerado o pai do teatro do absurdo), Os Geraldos e Gabriel Villela optaram por fazer uso da estética e da música para deixar ainda mais evidente o surrealismo da linguagem. A ideia é provocar no espectador uma sensação de vertigem, sair do prumo, balançar o extremismo posto em cena, fazer o espectador embarcar num delírio tropical, universal sobre os extremismos postos.

Entre as coisas que unem o grupo paulista e o diretor mineiro é o modo de usar a música para contar a história. São 18 canções (entre íntegras, versos, pedaços, melodias etc), interpretadas ao vivo pelos atores – com acompanhamento do maestro Everton Gennari, responsável pela direção musical (com Babaya Morais), ao piano. E uma inusitada homenagem à Miriam Batucada, com os artistas tocando caixa de fósforo.

São músicas do cancioneiro popular brasileiro e latino-americano – como Geraldo Vandré, Raul Seixas, Inezita Barroso, entre outros compositores. As canções são elementos da dramaturgia, servindo tanto como prólogo (protofonia musical) até para juntar cenas e atos, ou mesmo para levar as cenas para outro lugar.

Se na primeira parceria entre os artistas (Cordel do Amor sem Fim) o lirismo estava em cena, com a estética romântica que remete às cores de uma tempestade – azul, vinho… -, em Ubu Rei é o deboche que está em cena. Para a versão desse clássico do absurdo, o cenário e os figurinos trazem muito brilho, cores quentes, quase uma estética de cabaret, numa referência ao programa do Chacrinha.

O figurino traz diversas referências, com elementos do Japão, da África, porém misturado com estilos que remetem ao brega, trajes de festa envelhecidos, datados, desatualizados, com cortes desiguais, que mostram a decadência daquela sociedade posta em cena.

Gabriel Villela – que tem contribuição também na Música Popular Brasileira, com a direção de shows de Maria Bethânia, Milton Nascimento, Elba Ramalho e Ivete Sangalo – já dirigiu mais de 50 espetáculos teatrais, trabalhando com artistas como Renata Sorrah, Laura Cardoso, Beatriz Segall, Walderez de Barros, Marcello Antony, Regina Duarte, Thiago Lacerda, entre outros grandes nomes das artes cênicas nacionais. Já recebeu Prêmios Molière, Sharp, Shell, Troféus Mambembe, Troféus APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Prêmios APETESP (Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo), Prêmios PANAMCO, Zilka Salaberry, além de dezenas de premiações internacionais, como no Festival Theater Der Welt in Dresden (Alemanha), Word State Festival, em Toronto (Canadá), “Globe to Globe”, no Shakespeare`s Globe Theatre (Londres, Inglaterra), dentre outros. Sua poética e produção artística estão registrados no livro “Imaginai! O teatro de Gabriel Villela”, de Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi, lançado em 2017 e vencedor, na categoria de livro de arte, do Prêmio Jabuti 2018.

Sobre o grupo

Os Geraldos tem sede em Campinas (SP) desde 2008 e atua em três frentes de trabalho: Criação Artística, ao criar e manter em circulação seus espetáculos;  Projetos Formativos, ao oferecer cursos sobre a arte do ator e gestão cultural, a partir da prática do grupo e de pesquisas de mestrado e doutorado de seus integrantes; e Territórios Culturais, ao instituir espaços que possam sediar, para além das atividades do grupo, outros eventos artísticos, como ocorre em sua atual sede, o Teatro de Arte e Ofício (TAO), um dos mais importantes espaços culturais de Campinas.

O grupo já circulou por mais de 90 municípios, de três países e de dez estados brasileiros, e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais (2017), além de receber mais de 40 prêmios, em festivais nacionais e internacionais.

Ficha técnica

Direção, cenário e figurino: Gabriel Villela

Direção adjunta e iluminação: Ivan Andrade

Dramaturgia: Alfred Jarry

Tradução: Bárbara Duvivier e Gregório Duvivier

Adaptação dramatúrgica: Gabriel Villela e Os Geraldos

Arranjos Musicais – Everton Gennari

Direção musical e preparação vocal: Babaya Morais e Everton Gennari

Elenco: Carolina Delduque, Ciça de Carvalho, Douglas Novais, Everton Gennari, João Fernandes, Julia Cavalcanti, Gabriel Sobreiro, Gileade Batista, Paula Mathenhauer Guerreiro, Patrícia Palaçon, Railan Andrade, Roberta Postale, Valéria Aguiar e Vinicius Santino

Assistência de figurino e adereços: Cristiana Cunha e Emme Toniolo

Costura: Ateliê de Dona Zilda Peres Villela

Fotografia: Stephanie Lauria

Visagismo: Claudinei Hidalgo

Maquiagem: Patrícia Barbosa

Design gráfico: Vanessa Cavalcanti

Assistência de produção: Bruna Paifer e Nicole Mesquita

Coordenação de produção: Tatiana Alves

Coordenação geral: Douglas Novais

Produção: Os Geraldos

Ubu Rei

Data: 21 e 22 de julho, sexta e sábado, às 20 horas

Local: Ginásio do Sesc São José dos Campos (Avenida Adhemar de Barros, 999, Jardim São Dimas, São José dos Campos-SP)

Ingressos: Ingressos: R$25,00 (inteira), R$12,50 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$8,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes) – Os ingressos estarão disponíveis para venda em sescsp.org.br e no app Credencial Sesc SP a partir de 11/07, terça, às 17h, ou nas bilheterias do Sesc SP, a partir de 12/07, quarta, às 17h.

Duração: 80 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Lotação: 300 lugares

Acompanhamento da montagem técnica

Data: 20 de julho, quinta-feira, às 10h30.

Local: Galpão do Sesc São José dos Campos (Avenida Adhemar de Barros, 999, Jardim São Dimas, São José dos Campos-SP)

Entrada gratuita. Senhas no local 30 minutos antes. Após o início da atividade tolerância de cinco minutos.

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Oficina “A Música e a Cena”

Data: 22 de julho, sábado, às 14h.

Local: Espaço Corpo e Arte. Sesc São José dos Campos (Avenida Adhemar de Barros, 999, Jardim São Dimas, São José dos Campos-SP)

Entrada gratuita. Senhas no local 30 minutos antes. Após o início da atividade tolerância de cinco minutos.

Duração: 120 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Sesc Santos

Avenida Adhemar de Barros, 999, Jardim São Dimas, São José dos Campos-SP

Informações: (12) 3904-2000

https://www.sescsp.org.br/unidades/sao-jose-dos-campos/

Facebook, Twitter e Instagram: /sescsjcampos

Horário de Funcionamento      

Terça a sexta, das 7h às 22h     

Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h

Foto: Stephanie Lauria
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