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O que é a forma de transporte Mobilidade Suave, difundida em Portugal?

Saudável e sustentável, a mobilidade suave é aliada do bem-estar físico e mental. Veja como funciona

O trânsito nas grandes capitais é caótico. Tráfego intenso e engarrafamento tomam horas do dia das pessoas. Por isso, a procura por um meio de transporte alternativo é uma opção cada vez mais popular entre quem deseja ter uma vida mais prática e sustentável, deixando de contribuir com a emissão de gases poluentes na atmosfera.

Unindo todos esses aspectos, surge a mobilidade suave, uma forma de transporte que prioriza a saúde física e mental do trabalhador, além de um ambiente mais saudável. Veja como funciona:

O que é mobilidade suave?

Também chamada de mobilidade ativa ou não motorizada, é uma forma de transporte de pessoas e, em alguns casos, bens que não utiliza veículos motorizados. Portanto, todo o trajeto é feito por meios físicos sem motores, como andar a pé, bicicleta, patins, skate ou patinete.

A mobilidade suave é uma iniciativa de sustentabilidade. Além de contribuir para uma vida mais saudável — todos os meios utilizados exigem atividade física —, os meios de transporte não utilizam motores e, consequentemente, combustíveis. Portanto, isso diminui consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Outro fator importante é que a mobilidade suave também tem como objetivo a ocupação de espaços públicos por praças, parques, jardins e calçadas mais amplas. É a transformação do espaço urbano para torná-lo mais verde e aumentar o contato entre cidadão e cidade.

Popularidade em Portugal

Em Portugal, a mobilidade ativa é muito popular, mas é também um projeto com investimento de anos. Em Lisboa, os primeiros 3 km de ciclovia surgiram em 2001. A partir daí, a capital portuguesa investiu consideravelmente nesse tipo de transporte e pretende terminar 2021 com 200 km de ciclovia. Dessa forma, 93% dos lisboetas passarão a viver a menos de 300 metros de uma ciclovia.

O investimento, no entanto, não para no espaço público — é preciso oferecer recursos para que a população se sinta estimulada a aderir a esse transporte. Aliada ao aumento das ciclovias, surge a implementação de compartilhamento de bicicletas. No Brasil, essa prática também é comum em cidades grandes e capitais, como Rio e São Paulo, onde as pessoas encontraram na bicicleta uma forma de chegar ao trabalho sem lidar com o trânsito caótico no horário do rush.

Estratégia Nacional para Mobilidade Ativa Ciclável

Não só Lisboa, mas Portugal por completo pretende utilizar a mobilidade suave como uma das suas principais formas de transporte. Para isso, o governo lançou a Estratégia Nacional para Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC 2020-2030), uma estratégia que, em dez anos, pretende implementar uma série de medidas para diminuir o uso de carros e transformar a mobilidade urbana do país.

Entre as medidas, estão:

  • adaptar a infraestrutura das cidades para tornar o trajeto mais interessante e seguro aos antigos e novos usuários da mobilidade suave;
  • implementar sistemas públicos de compartilhamento de veículos;
  • incluir o ciclismo como matéria extracurricular nas escolas;
  • promover o uso de bicicletas de carga na logística pública;
  • aumentar as ciclovias de 2 mil km para 10 mil km.

Ainda abaixo no ranking

Apesar da preocupação com sustentabilidade e do aumento da popularidade das bicicletas, Portugal ainda é um país “atrasado” com relação à mobilidade suave quando comparado a outros países da União Europeia. Ele fica em penúltimo lugar no ranking de usuários de bicicleta como principal meio de transporte. Por isso, as ações do ENMAC pretendem, até 2030, transformar todo o espaço público e, de quebra, tirar o povo português do sedentarismo.

Exemplo brasileiro

O Brasil é o quarto maior produtor de bicicletas no mundo — são mais de 4 milhões de unidades fabricadas anualmente. Com a pandemia, esse número caiu, mas provavelmente aumentará com a volta à normalidade. No entanto, o veículo ainda é um pouco “caro” para o bolso do brasileiro: um modelo de entrada costuma custar entre R$ 800 e R$ 2.000. Por isso, o aluguel de bicicletas é uma das maneiras mais em conta de promover esse tipo de mobilidade suave e estimular uma vida mais saudável sem comprometer as finanças.

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