Economia

Creator economy gerou 389 mil empregos em um ano

Número registrado em 2024 representa crescimento de quase 30% em relação ao ano anterior

A criação de conteúdo foi responsável pela geração de 389.448 trabalhos diretos e indiretos em 2024 no país, segundo dados da segunda edição do estudo “O impacto socioeconômico dos negócios digitais da Creator Economy no Brasil”, realizado pela FGV Comunicação Rio em parceria com a Hotmart. O número representa um crescimento de quase 30% em relação ao ano anterior, quando foram registrados mais de 302 mil postos de trabalho na primeira edição da pesquisa.

O levantamento, conduzido entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2024, foi realizado por meio de entrevistas telefônicas com 612 criadores de conteúdo que comercializam produtos digitais na plataforma Hotmart. Os dados revelam não apenas um setor em expansão, mas uma mudança estrutural no mercado de trabalho nacional.

Esse movimento tem reflexos na cadeia de serviços, apresentando novas demandas para a criação e a profissionalização de estratégias digitais, o que inclui o trabalho de agência especializada em SEO, profissionais de marketing, link building, Digital PR, redes sociais, webdesign, entre outros.

Perfil dos criadores de conteúdo revela alta qualificação

Entre os entrevistados pela pesquisa, 58% são homens e 42% mulheres, sendo que a maioria (61%) tem menos de 40 anos. Quanto à escolaridade, os dados evidenciam alta qualificação dos criadores: 59% têm ensino superior completo e 16%, pós-graduação, mestrado ou doutorado.

Segundo a pesquisadora da FGV Comunicação Rio que coordenou o estudo, Beatriz Pinheiro, os resultados indicam que a venda de produtos digitais contribuiu para a diversificação das fontes de receita desses produtores.

A CEO da Experta, Flávia Crizanto, analisa que o mercado está lidando com um novo perfil profissional. “Estamos lidando com empreendedores altamente qualificados, não apenas influenciadores. Nossa estratégia precisa reconhecer isso e estabelecer parcerias que vão além do marketing tradicional, criando ecossistemas de negócios sustentáveis.”

Transformação na comunicação digital redefine estratégias empresariais

O crescimento da creator economy tem modificado a  forma como empresas se relacionam com criadores de conteúdo. “As empresas que entenderem que o futuro está na colaboração autêntica e de longo prazo com criadores, ao invés de campanhas pontuais, têm potencial para dominar o mercado nos próximos anos”, avalia Crizanto.

As mudanças no comportamento dos criadores refletem também uma evolução nas estratégias de conteúdo. A analista de conteúdo da Experta, Vanessa Barcellos, destaca tendências que têm se mostrado mais eficazes no mercado atual. “O que funciona hoje para empresas é o conteúdo que combina autenticidade com valor prático. As marcas também têm a opção de focar em microinfluenciadores que criam conexões genuínas.”

Mais da metade dos entrevistados (55%) já utilizam ferramentas de inteligência artificial em alguma tarefa ou rotina de criação de conteúdo, demonstrando a rápida adoção dessas tecnologias pelo setor. Entre as aplicações mais comuns, 83% dos produtores usam IA para criação ou edição de imagens, seguido de criação ou edição de texto (80%) e edição de áudio (27%).

Formalização impulsiona faturamento dos produtores

A diferença entre atuar como pessoa física ou jurídica reflete no faturamento: produtores formalizados como empresas registram média de R$ 10.007, valor que cai para R$ 4.987 entre pessoas físicas.

Para aqueles que transformaram a venda de produtos digitais em principal fonte de renda (42% dos entrevistados), o retorno financeiro supera em 154% outras atividades. Dos que dependem principalmente da Hotmart, 64% relatam aumento nos ganhos durante o último ano, sinalizando momento favorável para o setor.

Embora o aumento de renda apareça como segunda motivação mais citada pelos criadores (24%), a busca por novas formas de monetização lidera com 33%. Liberdade de tempo (20%) e geográfica (16%) completam o quadro, junto com o desejo de empreender (13%). O conjunto sugere que a Creator Economy atrai tanto por necessidade, quanto por aspiração de autonomia profissional.

A general manager da Hotmart, Nathalia Cavalieri, destaca que o aumento da demanda por conteúdos desenvolvidos pelos creators vem fomentando a expansão da cadeia de serviços. Ela cita design gráfico, edição de vídeo, gestão de redes sociais e análise de dados como áreas em crescimento, além da criação de agências especializadas em lançamentos e coprodução. Paralelamente, serviços de comunicação se especializam, caso de uma agência de digital PR que desenvolve estratégias específicas para o perfil desses novos empreendedores digitais.

Diversificação sinaliza maturidade do mercado

Um terço dos respondentes (32%) demonstra interesse em expandir para produtos físicos, movimento que os pesquisadores interpretam como sinal de maturidade do negócio. A diversificação indica evolução de um setor que busca múltiplas fontes de receita e menor dependência de plataformas específicas.

No cenário internacional, a economia dos criadores movimentou US$ 127,65 bilhões em 2023, com projeções que apontam para US$ 528,39 bilhões até 2030 – crescimento anual de 22,5% que coloca o Brasil em posição estratégica nesse mercado global.

Foto: FREEPIK

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