Como as novas gerações consomem produtos estéticos e o que esperar para o futuro desse mercado?
As demandas da chamada Geração Z apontam tendências mais sustentáveis
A indústria estética é uma das mais fortes e estáveis do mundo. No Brasil, só em 2018, o setor movimentou quase 48 bilhões de reais. Especialmente, no começo de uma década marcada pela ascensão das redes sociais e dos influenciadores, produtos estéticos deixaram de ser um item de luxo. Hoje, eles são considerados, por muitos, como essenciais.
Acontece que um novo grupo de consumidores tem mudado, aos poucos, a cara dessa economia. É a chamada Geração Z. O grupo de jovens adultos que nasceram em meados dos anos 90 e foi socializado, nas últimas duas décadas, com acesso a discursos ecológicos. O resultado imediato disso é uma demanda, cada vez maior, por cosméticos diferentes que as gerações anteriores estão acostumadas.
A questão é que a Geração Z, e mesmo os Millennials, geração anterior, questionam seu consumo e impacto no mundo de forma conectada. Ou seja, esses jovens adultos não estão apenas preocupados com a origem de seus alimentos, mas, também, com o impacto de todas as suas escolhas, incluindo, os cosméticos.
Veganismo em alta
Nunca se falou tanto em veganismo como nos últimos 10 anos. Só no Brasil, pelo menos, 14% da população se declara vegetariana ou vegana. Pode não parecer, mas esse movimento tem tudo a ver com a indústria cosmética. Isso porque o veganismo, enquanto filosofia, vai além da alimentação.
Ser vegano inclui todas as áreas de consumo da vida do indivíduo. Ou seja, cosméticos poluentes, cheios de produtos sintéticos ou testados em animais estão fora da lista de compras dessa galera consciente. O impacto dessa escolha é enorme na indústria e já aponta para o cosmético do futuro, mais próximo do que se imagina.
Um estudo realizado pela Grand View Research, uma das mais importantes empresas de pesquisa de mercado no mundo, revela que só o setor de beleza vegana chegará a movimentar 21 bilhões de dólares em 2025. O estudo entende que esse será um pico rápido e, a partir de então, o crescimento será menor, mas constante e gradativo.
O futuro é agora
Essa transformação, contudo, já pode ser percebida. Não é difícil encontramos produtos conhecidos como cruelty free, livre de crueldade, indicando que não foram testados em animais, nas prateleiras de mercados e farmácias comuns. A princípio, cosméticos ecológicos eram encontrados apenas em estabelecimentos especializados.
É importante, porém, lembrar que produtos veganos não são necessariamente ecológicos. Existem diversos componentes sintéticos que não são de origem animal, mas, ainda assim, prejudicam o meio ambiente. A Geração Z sabe bem disso. Quanto mais natural forem os cosméticos, mais eles serão apreciados por esses consumidores atentos.
Desafio para a indústria
Com uma nova geração exigente, o mercado de cosméticos já entendeu que precisa responder a esses requisitos. Mesmo empresas grandes e tradicionais já começaram a desenvolver linhas exclusivas de cosméticos menos agressivos a natureza. Porém, um novo desafio, e um maior aprendizado, aponta para um futuro sólido possível.
A Geração Z tem questionado, cada vez mais, a responsabilidade da empresa toda. Ou seja, não é mais exigido que a marca produza cosméticos ecologicamente corretos, mas que seja ecologicamente correta como um todo. O maior desafio da indústria, então, vai ser reestruturar toda sua cadeia de produção.
Esse novo aprendizado tem um desafio ainda maior: o de conquistar as gerações antigas, que ainda consomem produtos sem pensar na sua origem. Ou seja, materialmente, apenas um cosmético que se assimile aos conhecidos e tradicionais ganharia a atenção de todos. O cosmético do futuro será ecológico, mas, muito provavelmente, vai perder essa identidade natureba para agradar a todos os consumidores e todas as gerações.