Entenda como funciona a audição canina e de onde vem o medo dos fogos de artifício
Descubra como ajudar seu pet a passar pelo fim de ano sem estresse
Fim de ano é sinônimo de festa, correria e cuidados especiais com os pets. Quem tem um bichinho de estimação sabe o quanto eles podem sofrer com os fogos de artifício que marcam as principais comemorações dessa época do ano.
Mas, por que isso acontece e como ajudar o bichinho a passar ileso por esse período?
Alta sensibilidade
Por conta de uma questão evolutiva, a audição canina é muito superior à nossa. Enquanto os humanos desenvolveram uma visão mais acurada e a audição ficou em segundo plano, com os cachorros ocorreu justamente o oposto, e eles conseguem detectar sons que estejam até quatro vezes mais distantes do que nós.
Quando se quantifica em ondas, é possível notar como é gritante a diferença entre as nossas capacidades auditivas: o ser humano capta sons com frequência de 10 a 20.000 Hz — Hertz, medida de frequência de onda, usada para medir sons. Já os cães captam entre 10 e 40.000 Hz.
Perigo físico e emocional
Sons muito altos podem ser prejudiciais física e emocionalmente para o pet. Se a explosão dos fogos de artifício ocorrer muito próxima ao pet, por exemplo, pode haver ruptura ou laceração do tímpano. Além de dor, isso pode prejudicar a audição dele para sempre, levando-o até à surdez.
O impacto psicológico também é intenso, pois o barulho alto pode ser associado a algo ruim ou emergencial, despertando o instinto de fuga. Nessas horas, muitos acidentes fatais podem ocorrer, porque o pet pode tentar correr para a rua, se jogar do colo e cair (da janela, varanda, etc.), pular em alguma área com água e se afogar, etc.
Explosões podem desencadear trauma, medo intenso e fobia. Daí sintomas como choro ou latido insistente, tremor, taquicardia e, em casos muito extremos, até morte.
Em entrevista ao jornal Diario de Pernambuco, o zootecnista Renato Zanetti, especialista em comportamento animal, disse que é preciso diferenciar medo de pânico para poder ajudar o bicho de estimação: “medo é quando o animal sente que está em perigo, mas não faz coisas estranhas que normalmente não faria. Já o pânico é um nível maior e faz com que o pet não consiga processar muito bem essa emoção. Ele impede que tenham a percepção do ambiente, podendo levar o cachorro a atravessar portas de vidro, escalar paredes, subir em telhados e até saltar de muros altos”, afirmou.
E o porte, a raça e a idade do cachorro não têm qualquer influência com a sensação ruim que o animal sente em relação aos fogos de artifício: praticamente todos os cães têm experiências ruins com os sons altos e explosivos.
Como ajudar
Para evitar riscos, o dono deve se manter calmo e respeitar o momento do pet. Se ele quiser ficar escondido e quietinho em algum canto da casa, faça o possível para que ele se sinta o mais confortável possível e jamais tente tirá-lo de lá.
Deve-se evitar o acesso a locais considerados perigosos, como os próximos de piscinas ou janelas/varandas, ou de portões que possam abrir, já que instintivamente o bicho pode fugir para a rua e acabar sendo atropelado.
Pode-se ainda abafar o som, fechando portas e janelas, promover a adaptação do bicho ao local em que se está — hotelzinho, pet day care, casa de praia, etc. — e até apelar para ajuda profissional. O adestramento pode ser um caminho e, em casos extremos, o médico-veterinário pode prescrever o uso de calmantes e sedativos.