Bolívia: presidente eleito diz que Morales não terá papel no governo
O presidente eleito da Bolívia, Luis Arce, disse à Reuters nessa terça-feira que “não há papel” em seu governo a ser desempenhado pelo ex-presidente Evo Morales, líder de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), que comandou o país por quase 14 anos antes de renunciar em meio a pressões no ano passado e deixar a Bolívia.
Arce chega ao poder após vencer a eleição de domingo (18) com a apuração oficial – tecnicamente ainda em andamento – mostrando que a maioria dos votos foi dada a ele, colocando os socialistas de volta no poder no país andino um ano após a saída de Morales.
Do exílio, na Argentina, Morales segue com o cargo de presidente do MAS, mas Arce disse que a influência nessa posição será limitada. “Ele não terá qualquer papel em nosso governo”, disse Arce à Reuters, na sede do MAS, na capital administrativa da Bolívia, La Paz.
“Ele pode retornar ao país quando quiser, porque é boliviano, mas no governo sou eu que devo decidir quem fará parte da administração e quem não fará”.
Bolívia
Morales vive fora da Bolívia desde que deixou o país no ano passado, após uma eleição marcada por acusações de fraudes. Ele nega as acusações e diz que foi derrubado do poder por um golpe de direita. O ex-presidente enfrenta ainda uma série de acusações de corrupção, que também nega.
“O direito ao devido processo legal não foi respeitado em muitos casos contra ele”, disse Arce. “Lamento que a política tenha sido judicializada, a direita judicializou a política”.
Como ministro das Finanças de Morales, Arce ajudou a comandar uma economia que cresceu mais rapidamente do que qualquer outra na região. Mas quando ele assumir a Presidência no mês que vem, enfrentará uma recessão.
“Vamos ter que adotar medidas de austeridade. Não há outra opção se não temos receita suficiente para cobrir os gastos atuais”, disse.
Luis Arce
O presidente eleito, de 57 anos, afirmou que o modelo econômico que ajudou a implementar no governo Morales funcionou no passado e funcionará novamente.
Educado no Reino Unido, o socialista, que disputou a eleição com uma plataforma de gastos em bem-estar social, afirmou que os cortes não afetarão os investimentos públicos, a prioridade para reativar o crescimento.
Foto:© REUTERS/Manuel Claure