Entenda a relação entre deficientes físicos e sexualidade
A psicóloga e deficiente física Priscilla Souza, explica os tabus e como lidar com eles.
A sexualidade já é um tabu presente na sociedade atual mas ao analisar como isso aparece entre os deficientes são descobertos novos aspectos envolvidos nesse processo.
A psicóloga Priscilla Souza, graduada em psicologia pela Unesp Bauru, sexóloga formada pelo instituto Casal Tessarioli e pós graduada em psicologia clínica comportamental, acaba trabalhando essa questão com a maioria de seus pacientes “a sexualidade não trata apenas de sexo, ela está presente em um contexto de autoestima, de relacionamentos, então sempre caímos nesse assunto” afirma a doutora. Por também ser uma deficiente física, ela entende como tratar pessoas em situações semelhantes e percebe uma empatia maior por parte dos pacientes por já saberem das dificuldades enfrentadas por ela.
Sexualidade
Na questão da sexualidade, Priscilla explica que barreiras de aceitação por parte de pessoas com diversidade funcional são frequentes, tanto por parte de PCDs quanto por pessoas ligadas a elas. A dúvida sobre a capacidade de realizar atos sexuais gera autossabotagem, atrapalhando na hora H. A psicóloga acredita que esse tabu pode demorar a desaparecer na nossa sociedade mas sempre motiva seus pacientes: “é importante que o deficiente se permita seduzir e ser seduzido”.
A profissional revela que também teve dificuldades para lidar com sua sexualidade e completa dizendo que começou a procurar mais sobre o assunto para ajudar seus pacientes, “como eu iria ajudar alguém sendo que eu não entendia a experiência vivida por mim?” justifica a doutora.
A pauta da sexualidade não é comum nos debates sobre a inclusão de deficientes na sociedade. Priscilla acredita que falta educação sexual para esse grupo de pessoas para derrubar os mitos que envolvem o assunto e deixar claro que elas também podem amar, se preservar e se proteger de certos abusos.
Sobre Priscilla Souza: Nascida em 1976 em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, a psicóloga nasceu com amiotrofia neuromuscular deficiência que causa diminuição de força física na pessoa. Priscilla afirma que sempre precisou de ajuda para se locomover e realizar suas tarefas, o que nunca foi motivo de vergonha nem empecilho para se desenvolver e construir uma vida e uma carreira de sucesso.
Apesar da sua deficiência, a psicóloga não foi impedida de construir sua carreira acadêmica e profissional, com especializações e trabalhos reconhecidos pela região. Se formou na Unesp Bauru em psicologia no ano de 1998, é pós graduada em terapia comportamental pela UFSCAR e ITCR em Campinas e é sexóloga formada pelo Instituto Casal Tessarioli, onde também trabalha dando aulas sobre deficiência e sexualidade.
Além do trabalho no Instituto, Priscilla também possui em seu currículo um consultório independente onde atende pacientes abordando a sexualidade. Por ser especialista em psicologia comportamental, também trabalha no setor de RH em empresas de sua cidade, São João da Boa vista, fazendo avaliações organizacionais.
Por conta da sua expertise em sexualidade e psicologia comportamental, Priscilla obteve um destaque na região do interior de São Paulo, participou semanalmente durante 8 anos de um programa da TV União, emissora educativa de São João da Boa Vista, porém, mesmo com toda essa visibilidade, revela que era vítima de capacitismo (nome dado ao preconceito contra deficientes) de forma recorrente, “as pessoas olhavam com olhar de reprovação, como se eu não pudesse estar em um lugar de evidência falando sobre sexualidade sendo deficiente”, afirma a Doutora.