Distúrbio alimentar: como o isolamento pode afetar sua relação com a comida
Ficar mais tempo em casa e ser privado de atividades de lazer podem ser gatilhos desencadeantes de transtornos alimentares
Comer descontroladamente, beliscar pratos até mesmo sem fome ou, simplesmente, parar de comer depois de diminuir a quantidade de refeições. O “novo normal” em que o mundo conduz as atividades antigas de uma forma adaptada à pandemia do coronavírus traz impactos também no comportamento humano. Com o isolamento social adotado há quase cinco meses, a relação das pessoas com a comida – uma das únicas coisas que ainda permanece igual – pode se tornar compulsória.
O período da pandemia é uma situação inesperada e atípica que ninguém estava preparado para passar. Assim, o abandono da rotina antiga, as privações de atividades de lazer ao ar livre, encontros com pessoas que gosta e a necessidade de passar ainda mais tempo em casa são fatores que aumentam o estresse e a ansiedade das pessoas. No Brasil, antes de 2020, já havia o registro de mais de 18,6 milhões de pessoas ansiosas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Desta maneira, o isolamento evidencia questões que não eram perceptíveis antes, seja em relação a corpos, trabalho ou estudo. “Eventualmente quando se tem um lazer ou distração, essas questões não são tão evidentes. Diferentemente do que acontece na quarentena, em que não temos as coisas que tínhamos antes e que poderiam trazer a sensação de prazer”, explica a nutricionista Gabriela Cilla, da Nutricilla.
Assim, com a junção entre a ansiedade, o estresse e os gatilhos gerados pelo momento, as pessoas podem começar a apresentar quadros de compulsão alimentar ou distúrbios alimentares. Para quem já registra sinais leves desses transtornos, o agravamento pode ser sentido com o acúmulo dos gatilhos mentais.
Primeiros sinais de um distúrbio alimentar
A anorexia e a bulimia começam com sinais leves e que podem ser confundidos com os sentimentos ou a compulsão esporádica em dias ruins, em que a pessoa desconta a frustração do momento na comida, mas não induz o vômito em seguida. Normalmente, as pessoas que sofrem desses distúrbios possuem a obsessão por permanecer magro e veem a autoimagem de forma distorcida.
“É preciso prestar atenção se a pessoa não está aceitando certos tipos de alimentos que ela gostava antes, se ela tem uma percepção alterada do corpo e se apresenta episódios de vômito. São características que podem ser evidentes para o distúrbio alimentar”, relata Cilla.
Tratamento
De acordo com Gabriela Cilla, é fundamental que, aos primeiros sinais dos transtornos, um profissional seja consultado. “Fazer um acompanhamento nutricional, psicológico e, eventualmente, procurar um psiquiatra para conseguir tomar medicamentos”, afirma.
Como o período pode deixar as pessoas receosas e com medo de sair de casa, a telemedicina é um meio de buscar consultas para que a situação não saia de controle.
Foto:Divulgação