Bruno Covas: Entenda um pouco mais sobre o câncer que acometeu o prefeito de São Paulo
Em outubro de 2019, Bruno Covas foi diagnosticado com um câncer na região da cárdia, localizada na transição entre o estômago e o esôfago, durante uma consulta para tratar uma infecção de pele. Na época, também foi diagnosticada metástase do câncer original, com linfonodos aumentados ao redor do pâncreas e um nódulo no fígado.
Ainda em 2019, o prefeito iniciou sessões de quimioterapia e radioterapia, que fizeram com que os tumores regredissem e diminuíssem de tamanho. Ele continuou o tratamento em 2020 com imunoterapia, sem a necessidade de se licenciar do cargo, pois apresentava boas condições clínicas.
Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença. Bruno tirou uma licença de 10 dias para se submeter a novas sessões de radioterapia.
No entanto, em fevereiro deste ano, exames de rotina apontaram que a doença ganhou terreno, segundo os médicos, com novo nódulo no fígado. No último dia 16 de abril, a equipe médica revelou que novos focos de tumores no fígado e nos ossos da coluna e da bacia foram encontrados. Covas voltou a realizar sessões de quimioterapia e imunoterapia. No final de abril, ele apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões. Drenos foram colocados para a retirada do líquido, e sua alimentação passou a ser complementada com a administração de alimento na veia.
O tumor de estômago, também chamado de câncer gástrico, é um dos mais incidentes no país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são mais de 21 mil novos casos previstos para 2021. Ele é o quarto mais comum em homens e o sexto em mulheres no Brasil. Em âmbito mundial, são registrados mais de 1 milhão de novos casos por ano, segundo o levantamento Globocan 2020, da Organização Mundial da Saúde, configurando-o como o quinto câncer mais diagnosticado no mundo.
De todos os tumores malignos que acometem o estômago, 90% a 95% são adenocarcinomas. E dentro dessa categoria, há um subtipo que ocorre na transição esofagogástrica, ou cárdia. É uma região do trato digestivo que corresponde à passagem do esôfago para o estômago e está situada normalmente entre o tórax e o abdômen. O câncer de Bruno Covas surgiu ali.
Segundo o médico Gustavo Rachid o principal alerta é a incidência de câncer gástrico da transição gastroesofágica vem aumentando em todo o mundo, provavelmente associado à alta incidência de seus fatores de risco, principalmente o refluxo e a obesidade. O tabagismo também apresenta forte relação com esses tumores.
Um estudo publicado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) compara a prevalência da doença, década a década. O subtipo de transição gastroesofágica saltou de 15,7% dos tumores gastroesofágica saltou de 15,7% dos tumores gástricos nos anos 1970 para 32% na última década. A prevalência é maior em homens brancos entre 65 e 74 anos, mas vem crescendo nos mais jovens.
“É fundamental manter a rotina de exames e tratamento durante a pandemia de Covid-19. Quando a doença é diagnosticada em fases bem iniciais e o risco de metástases, mesmo que microscópicas, é pequeno, o tratamento indicado é a cirurgia oncológica. Em casos de maior risco para a ocorrência de metástases, especialmente quando os gânglios próximos ao tumor se mostram comprometidos, entram em cena quimioterapia e, a seguir, a cirurgia. E em cenários com metástases, a estratégia padrão é a quimioterapia, sendo os procedimentos cirúrgicos reservados para pacientes selecionados. Explica o cirurgião do aparelho digestivo Gustavo.
A mensagem que quero deixar é que o cuidado precisa ser permanente. Atenção: em fases iniciais, esses tumores não costumam apresentar sintomas. E, se eles surgem, tendem a ser inespecíficos, assemelhando-se aos sinais de refluxo (como a queimação). Alerta Gustavo Rachid.
Para prevenir a doença, a melhor dica é se manter saudável, com peso normal e a adoção de hábitos de vida que incluam atividade física e boa alimentação. Além disso, recomendamos não fumar e nem beber. Se você tem refluxo, procure assistência médica e acompanhe seus sintomas. Um exame de endoscopia pode ser indicado pelo médico.