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A trajetória de Zico, o galo de Quintino

Dos tempos do Juventude de Quintino, um pequeno time de futebol de salão formado por familiares e alguns amigos, à estátua erguida em sua homenagem no Japão, Arthur Gomes Coimbra, o nosso Zico construiu uma história brilhante no futebol brasileiro e mundial.

O caçula de seis filhos, nascido no dia 3 de março de 1953, tornou-se lenda no placar do Flamengo. Foi o radialista Celso Garcia, amigo da família, que ao assistir a um jogo de futebol de salão no qual Zico marcou dez dos quinze assinalados por sua equipe, o River Football Club, resolveu apresentá-lo à escola de futebol do Flamengo.

O galinho de Quintino, apelido decorrente do corpo miúdo, estreou profissionalmente em 1971, mas só se firmou como titular em 1974, depois de um intenso trabalho físico para ganho de altura e massa muscular. Nesse mesmo ano, liderando uma equipe bastante jovem, Zico conquista seu primeiro título carioca e já demonstra ser um fora de série. Seus dribles, arrancadas e suas cobranças de falta à perfeição, passam a fazer parte dos noticiários e os cronistas o veem como o substituto de Pelé. Sua primeira Bola de Ouro da revista Placar, também foi ganha em 1974.

Os anos seguintes, todavia, não foram de conquistas. Zico viu o Fluminense de Rivelino conquistar o bicampeonato carioca em 1975 e 1976, e em 1977, o Vasco de Roberto Dinamite. Mas o galinho já muito prestigiado, aguardou pacientemente por melhores ventos e a partir de 1978, vive um momento áureo no Flamengo. Um tricampeonato carioca, além do tão cobiçado campeonato brasileiro em cima do fortíssimo Atlético Mineiro de Reinaldo, Cerezo e Éder.

Neste período de ouro, Zico suplantaria outra lenda, Dida, como o maior goleador do Flamengo, ao marcar seu 245º gol, em 1979. Em 1981, Zico se consagra campeão da América. O oponente naquela ocasião, o Cobreloa do Chile, perdeu a primeira no Maracanã por 2 x 1, mas fez 1 x 0 no Chile, levando a um terceiro confronto em campo neutro. Jogando no Centenário de Montevidéu, o Flamengo marcou 2 x 0, dois gols de Zico.

No final daquele ano, o time da Gávea meteu um 3 x 0 sobre o Liverpool da Inglaterra no final do mundial interclubes. Zico participou de todos os gols; duas assistências para Nunes e um rebote de Adílio numa falta cobrada por ele. Zico estava definitivamente consagrado e o mundial de seleções de 1982, apresentava o Brasil como grande favorito. Quis a história, contudo, que o Brasil ficasse pelo caminho. A tragédia de Sarriá é considerada por Zico, a maior frustração de sua carreira.

Em 1983, o Flamengo foi campeão brasileiro, título conquistado sobre o Santos, num sonoro 3 x 0 no Maracanã. Zico, no entanto, jogou tristonho, pois já sabia que seu passe havia sido negociado com a Udinese da Itália. A negociação de quatro milhões de dólares, na época, a maior cifra já paga por um jogador na Itália, gerou um verdadeiro escândalo.

A população da pequena Údine não se conformou com a fábula e o negócio quase foi desfeito. Em meio a ameaças separatistas, sim, Údine pretendia separar-se da Itália e unir seu território à Áustria, o governo italiano teve que intervir e, depois de muita conversa, muita negociação, Zico acabou ficando. Por lá, Zico marcaria cinquenta e sete gols, sendo dezessete deles de falta, sua marca registrada.

O ano de 1985 marca seu regresso ao Flamengo. Graças a uma operação financeira que envolveu diversas empresas, incluindo a Sul América Seguros e a Rede Manchete, Zico voltou para o seu clube de coração, onde ainda ganharia mais um carioca e mais um título brasileiro. No segundo semestre de 1989, Zico resolve parar. Despede-se do futebol numa partida contra o Fluminense. Placar final, Flamengo 5 x 0.

Em 1991, torcedores e imprensa são surpreendidos com a notícia de que Zico assina com o Sumitomo Metals, atual Kashima Antlers. Zico virou um Deus e é uma unanimidade no Japão, sendo considerado o grande responsável pela estruturação do futebol naquele país.

São três copas do mundo no currículo, título de terceiro maior jogador brasileiro de todos os tempos, atrás de Garrincha e Pelé, quinto maior jogador da América do Sul, décimo quarto maior do mundo de todos os tempos, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, quinhentos e oitenta e sete gols na carreira, um gênio do futebol.

Foto:Arquivo Redes Sociais Zico

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