Economia

Investir em criptomoedas vale a pena?

A valorização de 2021 acabou ou ainda existem oportunidades no mercado? Descubra neste artigo

O Bitcoin (BTC) tem chamado a atenção do mercado desde que renovou suas máximas históricas em dezembro de 2020. De lá para cá, o preço chegou a acumular uma alta superior a 500% em sua máxima histórica. No entanto, a criptomoeda entrou numa tendência de queda a partir de abril deste ano.

Por ocupar o papel de maior criptomoeda do mercado, o BTC acaba por influenciar os demais criptoativos como um todo. Afinal, ainda vale a pena investir em criptomoedas mesmo com o mercado em baixa? A resposta é sim, e esse texto pretende mostrar os principais motivos que sustentam esta tese.

Entrada de grandes investidores

No passado, as criptomoedas eram associadas a grupos de nerds, aficionados por tecnologia ou, de forma pejorativa, a criminosos. Tal impressão segue em voga no imaginário popular, mas corresponde cada vez menos com a realidade do mercado.

Agora, os nerds deram lugar a grandes gestores de fundos, que aplicam quantias cada vez maiores de dinheiro. Empresas como Tesla e PayPal já estão aderindo ao mercado, seja comprando Bitcoin, seja oferecendo serviços de criptomoedas para seus clientes.

Hoje, as criptomoedas estão acessíveis a grandes investidores através de contratos futuros e fundos, como os negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) e na Grayscale Investments.

Esses investidores são bilionários que possuem enormes quantias de dinheiro disponível. Dessa forma, qualquer pequena alocação, em um mercado ainda pequeno como as criptomoedas, tende a causar um enorme impacto. Consequentemente, o preço tende a se valorizar ainda mais.

Bancos centrais e inflação

Embora a rentabilidade das criptomoedas chame a atenção, seu uso vai muito além disso. Criado na esteira da crise de 2008, o BTC surgiu como uma forma de protesto contra o socorro dos governos aos bancos. Este socorro, por sua vez, ocorreu através da impressão de dinheiro realizada pelos bancos centrais.

Apenas na crise decorrente da pandemia de 2020, o banco central dos Estados Unidos (Fed) expandiu sua base monetária de US$ 4 trilhões para US$ 17 trilhões, um aumento de incríveis 475% em pouco mais de um ano.

Como resultado, a inflação oficial do país em junho atingiu 0,9%, o maior resultado para o mês desde junho de 2008. Outros bancos centrais, como o europeu (BCE) e até o brasileiro (Bacen), também viram a inflação disparar. A população, por sua vez, observa o dinheiro valer cada vez menos.

Nesse cenário, as criptomoedas agem como uma reserva de valor, uma forma de proteger o cidadão contra os efeitos da inflação. Quanto mais o BTC se valoriza em meio a este cenário, mais a demanda por ele aumenta. E, ao contrário das moedas governamentais, o Bitcoin tem uma oferta fixa, o que faz o preço aumentar conforme o aumento da demanda.

Valorização no médio prazo

Em primeiro lugar, as criptomoedas funcionam como um investimento alternativo. Por conta disso, o preço delas ainda possui muita volatilidade, algo que, de fato, tende a assustar os investidores menos experientes.

Desde abril, o preço do BTC, por exemplo, acumulou uma queda superior a 50%. Apesar da forte queda, é preciso considerar que esse tipo de investimento é algo que deve ser focado no longo prazo. Ou seja, criptomoedas não são ferramentas para enriquecimento rápido.

Nesse sentido, é preciso analisar o histórico mais longo, de preferência superior a um ano. Em um período de 12 meses, o BTC ainda acumula 243% de valorização. Para efeito de comparação, o valor corresponde a 51 vezes o rendimento da taxa básica de juros brasileira, a taxa Selic, que atualmente está em 4,75% ao ano.

Em outras palavras, se você aplicou em BTC e aproveitou essa valorização, ganhou o equivalente ao que ganharia em 51 anos com um investimento atrelado a esta taxa. Isso sem precisar fazer qualquer tipo de operação complexa, apenas comprando e acumulando a criptomoeda.

E os altos rendimentos não estão apenas no Bitcoin. A Ether (ETH), segunda maior criptomoeda em valor de mercado, é outro exemplo marcante. Sua valorização em 2021 foi de “apenas” 159%, menor que a do Bitcoin. Porém, a ETH acumula uma alta superior em 12 meses – 713%. São impressionantes 150 anos de taxa Selic aos preços atuais.[1] 

Vale a pena?

Grandes investidores adquirem quantidades crescentes de criptomoedas, seja por fundos, seja comprando diretamente. Os bancos centrais não dão sinal de que irão parar a impressão de dinheiro. Ao passo que, com oferta fixa e demanda crescente, as criptomoedas como o BTC ganham valor no médio e longo prazo.

Em suma, sim, ainda vale a pena investir em criptomoedas. Elas são descentralizadas, servem como proteção em tempos difíceis e, principalmente, oferecem retornos exponenciais. Logo, são a ferramenta ideal para compor parte de uma carteira de investimentos.

Contudo, é preciso ter em mente que se trata de um investimento de longo prazo e o preço pode apresentar uma forte volatilidade. É preciso saber dosar a exposição do portfólio neste mercado e incluir as criptomoedas numa estratégia diversificada de investimento.


Os preços da ETH foram retirados deste gráfico no TradingView: https://www.tradingview.com/chart/?symbol=BITSTAMP%3AETHUSD

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