Temporada de pinguins começa na costa brasileira
O Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha, através da sua equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) começou há 15 dias a identificar a chegada de grande número de juvenis dos Pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) na região do LN de SP.
Todos os anos eles migram da Patagônia Argentina, em busca de alimento, mas parte deles acaba se perdendo do grupo e são encontrados em nossas praias. O primeiro pinguim registrado pelo Instituto Argonauta foi encontrado no dia 9 de junho na praia do Itaguaçu, em Ilhabela. Do dia 9 até a última terça-feira, dia 23 de junho, já foram contabilizadas pela instituição 77 ocorrências. Deste total, são 38 animais vivos que passam por reabilitação na Unidade de Estabilização de São Sebastião e no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba. Outros 39 pinguins já chegaram mortos.
Pinguins
Pinguim na sala de aquecimento no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba
(Créditos: Divulgação/Instituto Argonauta)
“Esse ano no Litoral Norte estamos percebendo que há muitos pinguins chegando. Infelizmente, muitos deles não sobrevivem, uma vez que já chegam debilitados pela falta de alimento”, ressalta o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta. “Em um comparativo com anos anteriores, é possível notar o número expressivo de ocorrências de animais vivos neste ano, conforme o gráfico a seguir”, ressalta o oceanógrafo.
Link para acessar o gráfico de forma interativa:
“Conforme o gráfico acima, é possível notar que em 2016 o Instituto Argonauta contabilizou em seu banco de dados 8 Pinguins-de-Magalhães (nenhum deles sobreviveu). Já em 2017, foi um total de 6 espécimes, sendo 2 vivos e 4 animais mortos. No ano de 2018 a instituição registrou um total de 245 animais: 14 vivos e 231 mortos. Já no ano passado foram 25 ocorrências, envolvendo 9 pinguins vivos e 16 mortos. O ano de 2020 destaca-se em relação aos outros anos na quantidade de animais vivos registrados até o momento”, complementa.
De acordo com a bióloga Carla Beatriz Barbosa, Coordenadora do Trecho 10 do PMP-BS Mineral/Argonauta, o Pinguim-de-Magalhães é uma espécie encontrada na Patagônia Argentina e Chilena e nas Ilhas Malvinas. São aves marinhas com o corpo adaptado para viverem na água, mas não voam, e têm suas asas modificadas em nadadeiras.
A bióloga explica que os pinguins permanecem na água durante a época não reprodutiva, entre os meses de Abril e Setembro. “Nesta época, eles saem em busca de alimento se aventurando por distâncias mais longas, podendo chegar até o nosso litoral sudeste. Alimentam-se de peixes, cefalópodes (polvos e lulas) e pequenos crustáceos”, detalha a bióloga.
“É neste período que esses animais são encontrados, muitas vezes fracos, debilitados e necessitando de cuidados. Aqui na região, estes animais são encaminhados para o CRD de Ubatuba ou para a UE de São Sebastião, para que depois de reabilitados sejam devolvidos à natureza”, finalizou Carla.
O Instituto Argonauta reabilita pinguins desde o ano de 2012 em continuidade ao trabalho de reabilitação realizado pelo Aquário de Ubatuba desde 1996, tendo resgatado diversos Pinguins-de-Magalhães nos anos em que os mesmos estiveram presentes na costa de nossa região.
O oceanógrafo Hugo Gallo alerta que quem encontrar um pinguim vivo ou morto nas praias do Litoral Norte, pode ligar no 0800 642 3341 e, caso o animal permita (tomando cuidado para não ser bicado nos olhos), colocá-lo em uma caixa de papelão com jornal e manter o mesmo em local seguro de outros animais como cachorros, gatos e urubus até a chegada da equipe.
Na imagem, o primeiro pinguim resgatado pelo Instituto Argonauta no dia 9 de junho
na praia do Itaguaçu, em Ilhabela. (Créditos: Divulgação/Instituto Argonauta)
Instituto Argonauta
O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.
PMP-BS
Sobre o PMP-BS
O Instituto Argonauta também é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba.
Para maiores informações consulte: www.baciadesantos.com.br
Seja um Argonauta!
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800-642-3341 ou diretamente para o Instituto Argonauta: (12) 3833.4863 – 3833.5789/ (12) 3834.1382 (Aquário de Ubatuba)/ (12) 3833.5753/ (12) 99705.6506 e (12) 99785.3615 – WhatsApp. Também é possível baixar gratuitamente o Aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias, para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.
A base do Instituto está situada na Tv. Baitacas, nº 20, bairro Perequê-Açu, Ubatuba/SP – CEP 11680-000.
Conheça mais sobre o nosso trabalho em: www.institutoargonauta.org, www.facebook.com/InstitutoArgonauta/ e Instagram: @institutoargonauta