Economia

Cresce o número de famílias endividadas no Brasil

Números da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostram que mais de 12 milhões de famílias brasileiras estão endividadas.

Nos últimos meses, o aumento do preço de produtos básicos como combustível e alimentos chamou a atenção dos consumidores. Não é por acaso que muitas famílias têm buscado alternativas como obter crédito ou buscar uma renda extra.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), utilizada para acompanhar o perfil de endividamentos dos consumidores, em novembro de 2021, alcançou o maior patamar desde setembro de 2020.

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

Segundo os últimos dados da Peic de novembro de 2021, o endividamento do consumidor atingiu um novo recorde, conforme aponta em seu relatório: “com o endividamento recorde, o qual alcançou cerca de 12 milhões e 327 mil famílias em novembro, e os desafios econômicos impostos aos orçamentos domésticos, a inadimplência aumentou na passagem mensal, o que não ocorria desde fevereiro deste ano.”

O nível de endividamento é considerado um dos maiores já registrados pela CNC nos meses de novembro, que faz essa análise de dados há 11 anos (desde 2010). Os números representam um aumento de 0,4 ponto percentual na comparação dos últimos doze meses.

Ainda, de acordo com a pesquisa, a parcela dos consumidores que declara não ter condições de arcar com as obrigações — dívidas e contas em atraso — permanece estável, atingindo o percentual de 10,1% do total.

Com relação às famílias que relatam a existência de dívidas a vencer: empréstimo pessoal, prestação de carro ou casa, cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial e outros, os índices aumentaram, alcançando um patamar de 75,6% de alta em relação a outubro de 2021.

Aumento nas concessões de crédito

As concessões de crédito para pessoas físicas também aumentaram. De acordo com o Banco Central (Bacen) houve uma alta de 21,3% na comparação interanual, com destaque:

  • operações de crédito +4,2%;
  • crédito pessoal não consignado +4,1%;
  • financiamento para aquisição de veículos +1,2%; e,
  • crédito pessoal consignado para servidores públicos +1,0%.

O crescimento real nas concessões de crédito para pessoas físicas registrou aumento de 3,3%. Esses números da economia motivaram as últimas decisões do Copom, que apertou o ritmo de aumento da taxa básica de juros da economia.

Aqui, é importante destacar que a inflação é um ponto-chave quando se fala em inadimplência e crédito. Com o aumento da inflação, as pessoas encontraram uma saída no crédito para manter suas necessidades de consumo, especialmente com relação à compra de itens básicos como medicamentos e alimentos.

Cartão de crédito é o principal fator de inadimplência

O cartão de crédito segue sendo a principal causa da inadimplência entre os consumidores brasileiros. De acordo com a pesquisa, 85,2% de todas as dívidas estão atreladas à dificuldade de pagar a fatura do cartão de crédito. Em segundo lugar estão os carnês de lojas. Confira o que diz o Peic:

“A proporção do total de famílias endividadas no cartão de crédito segue avançando, com 85,2% dos endividados com compromissos na modalidade, considerado crédito de curto prazo e o meio de pagamento mais difundido no País. Em relação a novembro de 2020, a modalidade avançou 7,4 pontos no endividamento, o maior incremento anual da série histórica do indicador. Comparativamente a novembro de 2019, antes da pandemia, o incremento é de 6,3 pontos”

Quem quer se manter distante desses índices precisa ficar atento na hora de usar mecanismos de pagamento como o cartão de crédito. Os juros do rotativo do cartão são os mais altos do mercado e o parcelamento da fatura acaba aumentando muito o custo para o consumidor.

Ao solicitar crédito, independente da modalidade, é fundamental que o consumidor esteja atento aos juros cobrados, ao custo efetivo total e ao orçamento familiar.

Evite assumir dívidas sem ter certeza com relação ao seu orçamento e a capacidade de cumprir com as obrigações assumidas. Avalie a possibilidade de cortar gastos necessários, reorganizando as despesas familiares e investindo em planejamento e educação financeira.

Por fim, os obter crédito junto ao mercado busque alternativas alinhadas ao seu perfil, por meio de empresas sérias e que ofereçam todas as informações necessárias antes de contratação do crédito.

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