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Black Is King: entenda porque o novo álbum visual da Beyoncé está à frente de seu tempo

Black Is King, lançado no final de julho deste ano, é uma verdadeira aula de representatividade e excelência audiovisual

O novo álbum visual da cantora Beyoncé, Black Is King, está ganhando grande repercussão ao redor do mundo, pelos melhores motivos. Lançado no final de julho, o registro traz vida às canções do álbum The Lion King: The Gift, lançado como trilha sonora secundária do filme O Rei Leão, ainda em 2019.

Muito além de apenas subir no salto e cantar músicas alegres, Black Is King é uma celebração à cultura negra, mais especificamente, africana. Durante as 17 canções que compõem a obra, percebemos um conteúdo bem à frente do seu tempo. Quer entender porque o álbum da artista, que mal foi lançado, está sendo aclamado mundo afora? Basta continuar com a leitura!

Álbum retorna às origens

Na hora de conceder o álbum visual, a ideia central de Beyoncé era retratar toda a cultura negra, feita por negros. Ou seja, a grande maioria da produção é realizada por artistas africanos, que vivem essa cultura diariamente.

Contrariando o que vemos diariamente nas mídias culturais, que ainda reforçam um padrão europeu, Black Is King apresenta um material de extrema qualidade e completamente inclusivo. Por isso, por 85 minutos, vemos ritmos africanos sendo interpretados por músicos africanos e dirigidos por diretores africanos.

Aposta no afrofuturismo

Para quem não está familiarizado com o termo, afrofuturismo é uma estética cultural, filosofia da ciência, da história e da arte, que combina elementos de ficção científica, histórica, fantasia e arte da diáspora africana.

Vários artistas já aderiram a essa estética, como Janelle Monáe e Rihanna, mas Black Is King acerta na medida certas. As cenas representadas brincam com o lúdico, o estranho e o colorido, muito predominante nesse tipo de arte.

Dessa forma, ele apresenta, mais uma vez, uma arte oriunda da cultura negra. A diferença é que, aqui, não há apropriação, mas, sim, aprimoração.

Participações de artistas desconhecidos

Black Is King conta com a participação de vários artistas conhecidos do grande público, como Jay-Z, Blue Ivy Carter, Childish Gambino, Pharrell Williams e Kendrick Lamar.

Por outro lado, enquanto concebia o álbum, Beyoncé fez questão de se aprofundar na cultura africana de raiz, trazendo as melhores inspirações e colaborações. Dessa forma, rostos desconhecidos são apresentados, como: 070 Shake, Jessie Reyez, Shatta Wale, Nija, Busiswa, Yemi Alade, Tierra Whack, Moonchild Sanelly e DJ Lag.

Representatividade

Críticos de todo o mundo destacam o fato de Black Is King trazer representatividade para a cultura negra. Muito além disso, ele coloca esses indivíduos como protagonistas de uma história e de uma narrativa muito linda. Ele contém vários capítulos representando diferentes localidades, como Nigéria e Gana, ultrapassando as fronteiras dos Estados Unidos.

O jornal norte-americano The Ringer, por exemplo, escreveu que o álbum “levantou o véu do pensamento da supremacia branca que desumanizou a diáspora africana”. Ou seja, todos os elementos culturais que foram deixados de lado, por séculos, são apresentados na obra.

Muito além de ser um filme “bonitinho”, Black Is King está sendo apresentado como uma verdadeira obra de arte cinematográfica. Ao representar o povo da cultura africana, a Beyoncé repete o sucesso do álbum Lemonade, que também trazia o racismo como pauta.

Em Black Is King não é colocado um lugar de “submissão”, muito pelo contrário. Nesse filme, o negro é o rei — literalmente. Esse álbum visual será relembrado durante séculos como um exemplo de que ser negro é lindo, e que a cultura de todo um povo deve ser exaltada. Representando diversidade e conectividade, ele inspirará uma série de jovens, que fazem parte de uma geração que não sentirá mais vergonha das suas raízes.

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