Adolescentes devem ficar atentas à prevenção do câncer de colo do útero
Papilomavírus humano é um dos principais responsáveis por esse tipo de câncer, que deve atingir cerca de 17 mil mulheres em 2025
O câncer do colo do útero é o terceiro mais comum entre as mulheres brasileiras. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima cerca de 17 mil novos casos este ano. Embora seja mais frequente em mulheres adultas, adolescentes também estão em risco, e a doença pode ser ainda mais fatal nessa faixa etária.
Entender o que provoca o câncer de colo de útero é considerado essencial para preveni-lo. O papilomavírus humano (HPV) é um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento desse tipo de câncer. Por isso, o Ministério da Saúde tem investido em campanhas para ampliar a vacinação contra o vírus no Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme informações do Ministério da Saúde, a vacina é aplicada em dose única, diferente de 2014, quando o esquema previa duas doses. Ela oferece proteção contra os quatro subtipos mais agressivos do HPV e tem maior eficácia quando administrada antes do início da vida sexual.
Ainda de acordo com o órgão, o Brasil está perto de alcançar a meta de vacinação contra o HPV. No entanto, quase 3 milhões de jovens entre 15 e 19 anos ainda não foram vacinados, o que representa 21% dessa faixa etária. O objetivo é chegar a 90% do público-alvo vacinado.
Os dados mostram que, entre 2022 e 2023, o número de doses da vacina contra o HPV aplicadas subiu mais de 42%, passando de 4,3 milhões para mais de 6,1 milhões de adolescentes imunizados. Entre as meninas, a alta foi de 16%, enquanto entre os meninos o aumento chegou a 70%.
Para o diretor do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Eder Gatti, a principal barreira para atingir a meta de vacinação é a desinformação. Ele explica que a vacina contra o HPV enfrentou resistência devido a rumores sobre possíveis reações adversas. No entanto, investigações comprovaram que esses eventos não tinham ligação com o imunizante.
“É uma vacina com uma tecnologia fantástica, com eficácia e segurança alta, que não tem evento de alteração orgânica importante. E agora ela é aplicada em apenas uma dose, o que facilita a operação. É um imunizante que vai nos ajudar a eliminar o câncer de colo de útero”, declarou em comunicado oficial.
Mesmo com a recomendação do médico pediatra, há pais e responsáveis que negligenciam a imunização dos filhos contra o HPV. Segundo a consultora médica da Fundação Câncer, Flavia Correa, essa resistência tem relação direta com a desinformação e o medo infundado em torno do imunizante.
Ela lembra que, quando a vacinação contra o HPV foi introduzida no Brasil, em 2014, a adesão à primeira dose atingiu quase 100% do público-alvo. No entanto, boatos e desconfiança fizeram com que a procura pela segunda dose caísse.
Flavia também destaca que a pandemia de Covid-19 agravou o problema, e houve uma “redução drástica” nas taxas de imunização. “Agora estamos num momento de recuperar essas coberturas vacinais. Mesmo que a pessoa já tenha tido contato com um dos tipos de HPV, a vacina ainda oferece proteção contra outros subtipos. Portanto, ainda há benefício em se vacinar”, reforça em comunicado oficial.
Membro da Comissão de Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Eduardo Cândido, explica os principais sintomas do câncer do colo do útero. Em artigo, ele menciona que corrimento com odor forte e sangramento após a relação sexual estão entre os principais sintomas.
Para o especialista, a melhor forma de combater a doença é por meio da prevenção, que inclui a vacinação antes do início da vida sexual e a realização de consultas regulares ao ginecologista. Cândido ressalta que o câncer do colo do útero pode levar até dez anos para se desenvolver. “É indispensável não confiar exclusivamente na manifestação de sintomas, pois muitas vezes o câncer já está em estágio avançado”, alerta.
O exame preventivo, conhecido como Papanicolau, é feito por meio da coleta de secreção da parte interna e externa do colo do útero. A recomendação é que mulheres sexualmente ativas realizem o teste anualmente.
Caso dois exames consecutivos apresentem resultados negativos, a periodicidade pode ser ampliada para uma vez a cada três anos, até os 65 anos. No entanto, pacientes imunossuprimidas, como aquelas que vivem com HIV, podem precisar de um acompanhamento diferenciado, conforme orientação médica.
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