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Procura por locação de apartamentos cresce em SP

Tendência do mercado é reverter os baixos números do segundo trimestre do ano 

A flexibilização da quarentena em São Paulo trouxe efeitos positivos para o setor imobiliário. Apartamentos para alugar e, de preferência, com espaços amplos é o que busca o consumidor isolado em sua casa. Chamada de “recuperação em V”, especialistas do setor apontam para as principais causas e efeitos da retomada.

A implementação de medidas de distanciamento social em meados de março em todo o país trouxe impactos econômicos sensíveis, sobretudo durante o segundo trimestre do ano. Com a suspensão de serviços e consequente redução de salários, muitos setores perceberam grande diminuição em seus rendimentos – entre eles, o imobiliário.

Contudo, a realidade de home office somada ao longo período de isolamento – por vezes experimentado em espaços pequenos e escritórios improvisados – vem fazendo com que muitas pessoas deixem de lado a intenção de morar perto do trabalho pela possibilidade de casas e apartamentos amplos, com luz solar e espaços adequados para trabalho e lazer. 

O aumento nas buscas por moradias maiores começou a ser percebida em junho deste ano, quando sites especializados em locação de imóveis notaram crescimento de até 68% no número de interessados em alugar apartamentos em relação ao mês anterior. 

Segundo Roseli Hernandes, especialista no setor, os próximos meses serão promissores, mas ainda é cedo para apostar em uma retomada total.

Demanda reprimida pode ser fator de retomada

Ainda que a economia tenha sentido o impacto das normas de distanciamento social, o crescimento no setor imobiliário não foi impedido, mas, sim, adiado. É o que aponta João Teodoro da Silva, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis. Para ele, “a demanda foi reprimida, mas continua latente”.

João ainda compara o momento a 2005, início do chamado “boom imobiliário”, quando a falta de opções de financiamento fez com que a demanda por casas e apartamentos se mantivesse adormecida. 

Confiante nos financiamentos bancários, o líder do Conselho Federal de Corretores de Imóveis acredita na plena retomada do setor, a partir de 2021. 

Roseli parece concordar com o que diz João. Segundo ela, “as pessoas estavam impossibilitadas ou com receio de buscar um novo lugar. Com a flexibilização e os novos protocolos de segurança, se sentiram mais à vontade em retomar seus planos”. Ainda de acordo com Hernandes, a abertura dos condomínios e a permissão para visitas aos apartamentos disponíveis também foram fundamentais para a guinada.

Qualidade de vida é fator determinante

As novas realidades de trabalho, claro, também exerceram papel fundamental no aumento da busca por apartamentos para alugar. Se as relações de trabalho pré-pandemia exigiam residência próxima a centros comerciais ou – frequentemente longas – viagens de transporte público através da cidade, as dinâmicas pós-março deste ano trouxeram outro tipo de necessidade a jovens profissionais: ambientes amplos, que comportem escritórios funcionais e possuam espaços ao ar livre. 

De acordo com a especialista Roseli Hernandes, “as pessoas começaram a dar mais importância aos ambientes da moradia do que à distância para o trabalho”. Assim, apartamentos com sacada e até mesmo casas em vilas ou bairros mais afastados do centro são requisitados, o que ajuda a compreender a alta de 124% nos contratos fechados em junho deste ano em relação a maio, segundo levantamento realizado em São Paulo.

Resiliência do setor 

Os indicativos positivos observados por especialistas do ramo imobiliário os levam a acreditar que o setor irá experimentar a chamada “recuperação em V”, quando, após uma queda rápida na atividade econômica, acontece uma alta com a mesma intensidade.  

Entre os pontos já salientados, a disponibilidade de crédito, a confiança no setor empresarial e até mesmo o uso de tecnologias contribuíram para o aumento nos números e no otimismo de investidores, incorporadoras e imobiliárias.

Segundo dados da Colliers International – uma organização global de serviços imobiliários –, 54% das empresas do ramo imobiliário no Brasil já têm uma estratégia de inovação, um número expressivo em um cenário conservador como o brasileiro.

Para Roseli, um dos legados da pandemia no setor imobiliário foram os processos digitais, como visitas e contratos com assinatura eletrônica. “No último trimestre, registramos 95% de adesão dos clientes a essa modalidade de assinatura”, diz.

Além disso, a cidade de São Paulo contou com a concessão de 161 alvarás para  novos empreendimentos imobiliários somente no segundo trimestre deste ano, um número 13,4% maior do que o registrado no mesmo período em 2019.

Ainda que seja incerto o tempo necessário para a retomada total do setor, é indiscutível que os indicativos observados permitem encarar os próximos meses com otimismo e esperança em uma retomada veloz e duradoura.

Foto:Divulgação

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